Desdobramentos de mais um clássico...
Diz um ditado popular que Deus nos deu dois ouvidos e uma boca não atoa.
Pois bem, após o clássico de ontem, pela Primeira Liga, procurei ouvir mais do que falar.
Ouvi a coletiva do Roger com atenção, ouvi o lamento e a indignação do torcedor nas redes sociais, ouvi os analistas da TV e agora resolvi "falar".
Comecemos pelo jogo e seu resultado. Inquestionável e irreparável a vitória do rival.
Melhor assentado e com mais entrosamento (elenco com poucas alterações se comparado ao do final de 2016) fez em campo exatamente aquilo que nosso treinador vislumbra para nosso time.
Linhas bem definidas. Time compacto. Ataca e defende em bloco. E se não fosse a boa atuação de Giovanni o placar poderia ter sido maior. Não vou me ater a classificar as atuações por que quase ninguém se salvou... Eu prefiro aguardar mais jogos para ter um posicionamento definitivo sobre este ou aquele jogador. Principalmente os que chegaram recentemente ao clube.
Agora o que falar do Atlético?
Vou usar de uma parábola pra tentar explicar. Você já ouviu aquela história do copo meio cheio ou meio vazio? Depende da forma que se vê. Correto?
Para o otimista (sem deixar de ser realista) questões como as seguir atenuam a derrota:
- Elenco mais alterado se comparado com o fim da temporada passada;
- Consequentemente pouco entrosamento;
- Pré-temporada de três semanas e somente dois jogos oficiais;
- Desfalques
Para o pessimista (também sem deixar de ser realista) as alegações são:
- Time sem determinação, sem vontade;
- Jogadores descompromissados;
- Não há diferença do futebol de ontem para o do ano passado;
- Consequentemente se conseguiu piorar o que já estava ruim;
- Ainda existem carências no elenco e o time precisa de jogadores.
Analisados os argumentos logo chega-se a conclusão que não há lado certo ou errado. E para que o copo fique cheio será preciso que eu, você e todos os atleticanos o sirvamos. Pra isso:
Primeiramente será preciso ter paciência. Apoiando como sempre e deixando que o treinador trabalhe com tranquilidade e tempo necessário.
Posteriormente, na cobrança a diretoria. Não só por mais contratações nas posições carentes do time. Mas também, no respaldo ao trabalho do Roger e na postura mais firme com alguns atletas do elenco. Que aliás, não vem demonstrando o profissionalismo que a carreira exige e tão pouco respeito para com a Instituição.
Ainda abordando as responsabilidades da cúpula alvinegra, passou da hora de Nepomuceno e seus diretores resolverem uma questão fundamental e que poucos tem coragem de se pronunciar a respeito:
O Luan.
A cada novo afastamento por dores no joelho fica cada vez mais evidente que a lesão que acometeu o menino maluquinho abreviou a sua carreira. E infelizmente, não podemos contar (o quanto precisamos) com o jogador.
É um assunto delicado pois se trata de um ídolo da torcida e quem tem uma identificação imensurável com a Massa e com o clube.
Contudo, a diretoria precisa se pronunciar a respeito. E mais, buscar uma nova opção para o ataque. Principalmente que atue aberto pelo lado direito. Uma vez que Clayton não se encaixou nessa posição e Maicosuel também não parece a vontade de atuar por esse setor.
Já que comecei a colocar o dedo nas feridas, preciso falar de outros dois jogadores:
Cazares e Rafael Carioca.
O primeiro está sempre com seu nome envolvido em polêmicas e pouco tem rendido em campo. Desde que foi contratado pelo Atlético só o vi fazer a diferença em dois jogos.
Contra o Colo Colo pela Libertadores e contra o Botafogo pelo Campeonato Brasileiro. Me parece ser mal, ou nada, orientado por seus empresários e representantes. E a cada nova partida ruim ou escândalo associado a sua imagem, vai tendo seu cartaz queimado com o torcedor alvinegro.
Rafael segue o mesmo caminho... Ora e outra envolvido em questões extra-campo. De influência discutível sobre o grupo. Fora uma má-vontade incomum (nas últimas temporadas) em jogar bola.
Em ambos os casos, não queremos "santos" no elenco. Inclusive não é da minha nem da sua conta o que cada um faz em sua vida particular. Todavia, da porta pra dentro no clube, no gramado (seja treino ou jogo) exigimos dedicação, transpiração e sobretudo, bom futebol. Pois há potencial nos atletas e o clube lhes oferece toda uma estrutura além de honrar o que está estabelecido em seus contratos.
Mudança de Filosofia não acontece da noite para o dia!
Torcedor precisa entender que no futebol não há varinha de condão, que nada acontece num estralar de dedos ou num passe de mágica.
Mudança de filosofia de jogo carece de treinamento, jogos e tempo. Não existe transformação imediata de um time acostumado com chutões, lançamentos e ligação direta desde 2012 para um time compacto, de linhas próximas, de passes curtos e triangulações em exatas 03 semanas e 02 jogos.
É preciso moldar o elenco a essa nova tática. É preciso maturação deste novo esquema.
A Era Galo Doido começou com Cuca e acabou com Marcelo Oliveira. Reconheço que por um tempo ela funcionou, não atoa a Libertadores, a Recopa e a Copa do Brasil estão na sede de Lourdes.
Mas desde 2015 pra cá o encanto teve seu fim. Todos os demais clubes do Brasil e da América do Sul aprenderam a anular o Atlético. E isso é indiscutível.
De forma que ninguém mais é capaz de me convencer o que time deveria voltar, ou melhor, permanecer na era dos chutões e da ligação direta.
Kalil nos acostumou mal. É claro que vencer e conquistar é ótimo. Mas a medida que nos tornamos vencedores estamos, cada vez mais, sendo intransigentes. Do jeito que está para o torcedor não dá. Contudo, quando surge alguém com vontade e coragem de mudar este também não serve.
Menos pecuinha, mais otimismo torcedor! Vai dar certo. Eu acredito!
Saudações Alvinegras!
*Fonte da foto: ESPN FC