Não pode ser só isso!
Fala Massa Alvinegra!
O jogo de ontem me fez refletir...
Não pode ser só isso!
E não me refiro somente a partida terrível jogada pelo Galo em terras paraguaias.
Há muito mais coisa envolvida... No campo, fora dele e nos bastidores do clube.
Essa postura do torcedor em apontar o dedo a quem irá ser o "crucificado" da vez tá complicado.
É preciso ver a coisa de cima. Nós geógrafos chamamos de visão macro.
As falhas apresentadas pelo sistema defensivo não tem um único culpado. O fato do Robinho não estar rendendo nem de longe o que jogou em 2016 não tem uma explicação isolada.
O péssimo desempenho do alvinegro não pode se resumir, somente, ao treinador.
Não pode ser só isso - à defesa
Giovanni: falhou no gol. Mas não é o único culpado. Quem observou toda a jogada viu que mais uma vez, começou nas costas do Marcos Rocha... Novamente o lateral deixa seu setor desguarnecido, não acompanha Medina (atacante) que recebe a bola de Lucena, que o assiste, deixando-o em condições de finalizar cara a cara com o goleiro atleticano.
Detalhe: o erro não se resume só ao Marcos Rocha. Observe no esquema (dividido em 3 slides) os posicionamentos dos zagueiros Léo Silva e Gabriel, do outro lateral (Fábio Santos) e dos meias Rafael Carioca, Elias e Danilo durante toda a jogada até a conclusão do jogador do clube paraguaio.
Slide 1: do início da jogada por Lucena
Slide 2: Medina recebe o passe. Veja o espaço que tem Lucena para a infiltração
Slide 3: Medina não recebe combate de um dos 5 defensores próximos da jogada.
Quem assiste via YouTube a TV Galo ou acompanha a mídias compartilhadas, via Twitter, dos setoristas do clube, já teve a oportunidade de presenciar o quanto Roger treinou e insistiu para que o time jogue com as linhas próximas.
Inclusive, para que os jogadores fixassem melhor a mensagem do treinador, o campo nº 1 da Cidade do Galo foi remarcado com linhas tracejadas e outras marcações.
Contudo, pelo que vemos na montagem, logo concluímos de que os jogadores não fazem ou não captaram a determinação do comandante.
Observe como os jogadores de defesa estão fora de seus posicionamentos e espaçados numa faixa muito pequena do gramado.
Críticas a Marcos Rocha e Fábio Santos
Ambos vêm sendo o calcanhar de Aquiles do sistema defensivo atleticano.
São incontáveis as oportunidades criadas pelos adversários quando exploram os espaços deixados pelos laterais direito e esquerdo respectivamente.
Ontem mais um gol, contra o Sport Boys outro, no clássico (pelo Estadual) mais um...
Marcos Rocha e Fábio Santos além de estarem em má fase, parecem estar também mal preparados fisicamente. Não ganham uma na disputa mano a mano, principalmente quando envolve velocidade.
Se o adversário toma a bola, os mesmos não conseguem recompor a defesa com rapidez.
No caso específico do Rocha, nem chegar a linha de fundo ele o faz mais. Quando vai ao ataque, cruza sempre da intermediária adversária.
Constatação presencial: Tenho ido com mais frequência aos jogos do Galo esse ano e nenhuma das partidas em que estive presente vi o camisa 2 chegar com eficiência a linha de fundo.
Muitos devem estar me perguntando o que eu, no lugar do Roger, faria. Substituiria as peças?
Em relação a essa possibilidade, entendo que o único que teria uma reposição no mesmo nível seria o Fábio Santos. No caso, colocando o Danilo na lateral esquerda.
Na direita estamos naquela situação:
Se correr o bicho pega. Se ficar, o bicho come.
Carlos César é um lateral limitadíssimo tecnicamente. Acredito que seja até mais tático que o titular, mas a limitação quanto a bola que apresenta é algo assustador.
Eu já havia dito aqui em outras oportunidades que o lateral direito titular tem que entender que ele não é Carlos Alberto Torres, não é Nelinho. Para os mais contemporâneos, não é comparável a Alaba ou Philipp Lahm. Longe disso! Ele é só, tão somente só, o Marcos Rocha.
Jogador esforçado, com alguma técnica, que joga a bola na área nos arremessos laterais e só!
Roger precisa incutir na cabeça do seu lateral direito de que é preciso, antes de tudo, guardar seu posicionamento defensivo. Que sua função número 1 no campo de jogo e defender. E esporadicamente, quando a situação assim permitir chegar a linha de fundo.
Tal pensamento precisa também ser trabalhado com o Fábio Santos ou o Danilo.
Num esquema de jogo como o que Roger quer implantar no Atlético, é fundamental que os laterais joguem mais defensivamente que ofensivamente. Até porque, precisam dar cobertura a Otero e Robinho que jogam abertos por seus respectivos lados (direito e esquerdo).
Não pode ser só isso - o meio e ataque
Roger quer um time que retenha a bola. Não atoa, montou um meio de campo com cinco homens que reconhecidamente tem um bom passe, tem visão de jogo e podem ser decisivos a qualquer instante. Dando uma assistência, chegando como um elemento surpresa, ou desequilibrando numa jogada individual.
Nesse quinteto formulado pelo treinador, Rafael Carioca atua mais atrás (um falso 1º volante) para dar melhor saída de bola ao time. Entenda-se, não utilizar de ligação direta.
Mais a frente, uma linha de quatro com Cazares (Luan "lesionado no momento, ou podendo ser o Maicosuel que está retornando) aberto pela direita, Robinho centralizado à esquerda, Elias pela meia direita, e Otero avançado pela esquerda.
Nesse posicionamento há ao meu ver, o principal erro do Roger. Robinho é um jogador de velocidade (ainda que com 33 anos) e precisa de espaço para fazer uma jogada individual ou dar uma assistência. Centralizado ele perde essa característica. Além do que, é anulado mais facilmente pela marcação adversária.
Se há alguém para jogar centralizado ao lado de Elias esse precisa ser o Cazares. Uma vez, que o treinador não pensa em lançar mão de um terceiro volante.
A questão é que com esses quatro nomes (da esquerda para a direita: Cazares, Robinho, Elias e Otero) compondo a segunda linha, o time está se tornando muito vulnerável. Isto porque quando ataca, o time não avança somente com esses quatro e sim com 6. Pois Marcos Rocha e Fábio Santos sobem simultaneamente deixando um espaço enorme as costas onde só há o Carioca para ocupar.
Tal situação só vem a reforçar aquilo que tratei no tópico anterior. A necessidade de que, se mantido esse esquema (4-1-4-1), Marcos Rocha e Fábio Santos atuarem mais de forma defensiva. Com restritas subidas ao ataque.
Para que o esquema funcione as linhas (blocos de jogadores) 4 na defesa, 1 no meio, 4 no meio mais a frente, e o centroavante precisam estar próximos. Não dando espaço ao adversário para sair em contra-ataque e o principal, retomar a bola com rapidez.
Só que isso carece de disciplina tática e pelo o que parece, disciplina não é o forte de certos jogadores do elenco.
Transições mais rápidas
O time está muito travado. Em muito, acredito, pelo fato de estar mal posicionado em campo e os jogadores não estarem ocupando e executando as funções estabelecidas nos treinamentos.
Tão logo (já passou da hora) os jogadores se encaixem no esquema escolhido pelo comandante, é necessário a transição da bola pelos setores acontecer de forma mais rápida.
Essa lentidão burocrática está tornando o Atlético um time extremamente previsível. Ainda que tenha jogadores como Cazares, Otero, Carioca, Elias e Robinho em seu meio campo.
Roger precisa dar ênfase e trabalhar mais essas transições. Toques curtos (no máximo a 3 por cada jogador que participe da jogada). Se a marcação do adversário for avançada, aí maior a necessidade por toques mais rápidos e inversões de jogadas para se desvencilhar da pressão.
É preciso velocidade para surpreender e abafar o adversário. Seja nos jogos em casa ou fora de Belo Horizonte.
Especificamente sobre o jogo de ontem...
Roger errou na escalação.
Em um campo pesado, em péssimas condições o treinador em hipótese alguma poderia ter utilizado de jogadores das quais suas características são o toque de bola e a velocidade.
Expôs ao risco de lesões Otero, Robinho, Cazares e o Maicosuel recém recuperado.
Partidas como a de ontem, requerem jogo de maior imposição (força).
Que tivesse entrado com quatro homens de meio (Adilson, Carioca, Elias e Danilo) e dois centroavantes (Rafael Moura e Fred).
Não pode ser só isso - à Diretoria
Na segunda-feira (dia do primeiro post semanal) conversei por um longo período com um amigo (do qual vou preservá-lo por ter fontes no clube) e soube de situações que me preocuparam bastante.
A principal, foi saber que o Atlético está "sem" seu Diretor de Futebol. Ao que parece, infelizmente, Eduardo Maluf está travando nova luta contra a doença que o afastou do clube e logicamente, não está em condições de exercer sua função. Como tão bem o fez, ao longo dos últimos anos.
Aproveitando a oportunidade, que ele tenha força e muita fé nesse momento delicado. A ele toda a nossa oração e pensamento positivo.
Se isso de fato está acontecendo Daniel Nepomuceno está sendo, no mínimo, muito irresponsável.
Primeiro, por que está acumulando funções sem ter condições pra isso. Tendo em vista, que o ocupa o cargo de secretário na gestão Alexandre Kalil na PBH.
Segundo, por não estar se fazendo presente quando o clube mais precisa dele.
Ser presidente Nepomuceno implica em muito mais do que gerar superávit no balanço anual do clube. É preciso também ser gestor na essência. Resolver pendências e conflitos, se fazer ouvir, delegar atribuições e não concentrá-las principalmente quando não dispõe de tempo para tal.
Nosso mandatário começa a trilhar o caminho errado percorrido pelo presidente do time rival há pouco tempo atrás. Quando, à época, concluiu que conseguiria acumular a funções de presidente com a de diretor de futebol. Deu no que deu, acabou que conseguiu por realizar nenhuma das duas coisas direito.
Que o torcedor o cobre. Pois o Atlético, além de ser dos atleticanos, é muito maior e mais importante que uma cadeira de uma secretaria qualquer.
Saudações Alvinegras
*Foto: Slides formulados pelo Venerado - imagens extraídas do YouTube.
Saudações Alvinegras!