1992: A primeira vez, não se esquece!
Contados 25 anos que o Atlético erguia seu primeiro título sul americano. A Copa Conmebol (atual Sul americana).
Título conquistado sob dilúvio (primeiro jogo no Mineirão), pedrada, pancada, pressão e muita catimba (segunda partida no Paraguai).
O rival? O mesmo de quatro anos atrás quando vencemos a Copa Libertadores da América...
Sim! O Club Olimpia.
Memórias minhas que se confundem a essa história...
Naquela noite de 16 de setembro de 1992 e de chuva pesada no Gigante da Pampulha e em toda a Belo Horizonte eu estava lá. Junto dos mais de 60 mil pagantes que empurraram o Galo àquela conquista.
Tempos raízes!
Onde torcida era torcida! Não haviam celulares naquelas arquibancadas...
Arquibancadas que recebiam torcedores e não cadeiras... Que eram feitas de cimento batido.
Que recebiam a vibração daqueles que nelas pulavam... O Mineirão balançava.
Balançava a cada ataque, a cada bola parada, a cada escanteio...
Que "explodiu" nos dois gols de Negrini... O gaúcho de Ijui (como narrou nosso saudoso Willy Fritz Gonser).
Gols que estufavam as véus de noiva (formato daquelas redes) e que eram comemorados pelos jogadores junto do povão!
Sim! O povo representado pelos "Geraldinos" assim apelidados por ocuparem os setores mais populares e democráticos do estádio, a Geral.
Como era lindo ver a torcida alvinegra recepcionar o time com aquelas bandeiras que "rasgavam" nossas vistas ao tremular de um lado para o outro...
Os rolos de papel atirados das arquibancadas superiores em direção a geral... Inspiração para o formato da futura Arena MRV conforme dito pelo arquiteto que assinou o projeto da nova casa atleticana.
Desligando de minhas memórias afetivas, é importante contar como aquela Copa Conmebol foi concebida.
16 clubes disputaram, em formato eliminatório, a edição de 1992.
- 03 argentinos: Velez Sársfield, Gimnasia y Esgrima e uma curiosidade:
O Boca Juniors foi substituído pelo Deportivo Español por abandonar a competição;
- 01 boliviano: Oriente Petrolero;
- 04 brasileiros: Atlético, Bragantino, Fluminense e Grêmio.
Sendo que o critério para a classificação dos clubes do Brasil foram suas colocações nos torneios nacionais no ano anterior.
De modo que:
O Galo por ter ficado na terceira colocação do campeonato brasileiro;
O Braga por ter sido vice-campeão brasileiro;
O Tricolor carioca pela quarta colocação no nacional e;
O Imortal por vice-campeonato da Copa do Brasil.
- 01 chileno: O'Higgins;
- 01 colombiano: Junior de Barranquilla;
- 01 equatoriano: El Nacional;
- 01 paraguaio: Club Olimpia;
- 01 peruano: Universitario de Lima;
- 02 uruguaios: Danubio e Peñarol;
- 01 venezuelano: Marítimo
Caso você queira saber mais sobre os critérios que levaram os demais clubes sul americanos a disputar Conmebol de 1992 acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Conmebol_de_1992
Primeiro adversário
O confronto foi contra o Fluminense.
Em melhor de dois jogos, o Galo perdeu a primeira no Rio de Janeiro por 2-1. Gol alvinegro anotado por Sérgio Araújo.
Na volta, goleada no Mineirão!
Com atuações espetaculares de Aílton e Moacir (com dois gols cada) o Atlético venceu o Tricolor das Laranjeiras por 5-1 e avançou para as quartas de final. O 5º gol foi anotado por Vôlnei.
Nas quartas os colombianos do Junior de Barranquilla
Novamente o Atlético decidiu em casa. Entretanto, diferentemente da fase anterior, o Atlético não precisava reverter um placar desfavorável do primeiro jogo.
Empate na Colômbia em 2-2.
Gols do alvinegro anotados por Aílton que viria a ser o artilheiro máximo do torneio com 06 tentos.
Na volta em Belo Horizonte o Galo mostrou sua força e com inquestionável superioridade, venceu o Junior por 3-0!
Gols de Alfinete, Aílton e Sérgio Araújo respectivamente.
Semifinais
No primeiro jogo da fase semifinal a segunda derrota alvinegra na competição.
1-0 para os equatorianos do El Nacional no Estádio Olímpico de Atahualpa em Quito.
Gol anotado por Guerrero aos 30' do primeiro tempo cobrando penalidade máxima.
Sete dias após a primeira partida, no dia 9 de setembro de 1992, o Atlético recebeu o El Nacional pelo jogo de volta valendo vaga para a decisão da Copa Conmebol.
E os mais de 33 mil torcedores alvinegros viram o Atlético reverter mais uma vez a vantagem do adversário e se classificar para a decisão.
Com gols de Aílton aos 29' da primeira etapa e Quiñónez (gol contra) aos 19' do segundo tempo o Galo chegou a sua primeira decisão no âmbito sul americano.
O adversário já estava definido. O Club Olimpia que do outro lado do chaveamento, havia eliminado no mesmo dia o Gimnasia y Esgrima da Argentina nas penalidades máximas após novo empate por 0-0 no tempo regulamentar.
Detalhe:
O jogo foi disputado em La Plata. Na casa do clube argentino.
A grande final!
Diferentemente de todas as fases que antecederam a finalíssima, o Atlético jogaria a primeira em casa e decidiria nos domínios do time paraguaio.
De modo que além de vencer, seria necessário abrir vantagem substancial de preferência sem sofrer gols. Uma vez que saldo e gol marcado fora de casa eram critérios para a definição do campeão da Copa Conmebol de 1992.
Como havia dito lá no início a noite do dia 16 de setembro daquele ano foi marcada por uma chuva torrencial... Entretanto, essa não impediu o comparecimento e o apoio maciço de 60.116 atleticanos (números exatos) inclusive deste que vos escreve.
Gramado encharcado, catimba do time paraguaio foram alguns dos ingredientes que dificultariam as coisas naquele dia. Principalmente, por considerarmos que o Galo tinha um time muito mais técnico que o Olimpia...
Contudo, com muita raça, disposição, no embalo da torcida e numa noite inspiradíssima de Negrini (que anotou os dois gols daquele jogo) o Atlético honrou suas alcunhas de forte e vingador e venceu o adversário por 2-0.
Vantagem substancial e necessária para quem teria de decidir fora de casa.
Ficha técnica - Atlético 2-0 Olimpia
Escalações:
Atlético - João Leite (Humberto), Alfinete, Luiz Eduardo, Ryuller e Paulo Roberto; Éder Lopes, Moacir e Negrini, Sérgio Araújo, Aílton e Claudinho.
Treinador - Procópio Cardoso
Olimpia - Goycochea, Cáceres, Ramírez, Núñez e Suárez; Jara, Vidal Sanabria, Campos, González (Meza), Amarilla (Samaniego) e Miguel Sanabria.
Treinador - Roberto Perfumo
A taça!
Desde a chegada a solo paraguaio até o apito final o clima não foi nem um pouco amistoso...
Hostilidade no hotel da concentração em Assunção, pedras nos treinos de reconhecimento do acanhado Estádio Manuel Ferreira.
O jogo foi disputado em clima de guerra. Entretanto, segundo Procópio Cardoso (treinador do Galo à época) em entrevista ao site Globoesporte.com o juiz Ernesto Felippe do Uruguai foi um dos grandes responsáveis pela conquista atleticana.
Quem quiser ler a reportagem do Globoesporte segue o link:
Procópio cita na reportagem que Ernesto passou tranquilidade aos jogadores atleticanos em campo com marcações seguras e corretas. Controlando a partida e não cedendo a pressões vindas das arquibancadas e dos jogadores do Olimpia.
O Atlético foi derrotado por 1-0.
Gol anotado por Caballero aos 44' do segundo tempo. Contudo, placar insuficiente pelo fato do Galo ter vencido a partida de ida por 2-0.
Característica bem comum aos jogadores sul americanos os paraguaios não aceitaram bem a perda do título. Tanto que o treinador do Galo relata na mesma reportagem ao Ge.com fatos como discussão nos vestiários e apedrejamento do ônibus que transportou a delegação atleticana.
Escalação do Galo Campeão!
João Leite, Alfinete, Luiz Eduardo, Ryuller e Paulo Roberto (c); Éder Lopes, Moacir e Negrini, Sérgio Araújo, Aílton e Claudinho.
Paulo Roberto Prestes capitão do Atlético no Paraguai teve a honra de erguer a taça referente ao primeiro título sul americano da história do clube.
Depois deste outros vieram... Nós já sabemos.
Mas sempre será muito gratificante ressaltar nossos feitos no cenário esportivo mundial!
E mais que isso, levando as novas gerações de atleticanos tais informações para que mantenhamos sempre viva a memória do nosso glorioso Clube Atlético Mineiro!
Saudações Alvinegras!
*Fotos: Galo News / TV Alterosa / Futebol de Todos os Tempos (editada pelo Venerado) e Galo News (editada pelo Venerado) respectivamente. Extraídas pelo Google