Momento Final Olímpico: Brasil
E anteontem chegou ao fim a XXXI edição dos Jogos Olímpicos da era moderna.
A Rio 2016 se vai e deixa saudade...
Foi muito legal o tom do adeus... Com o adjetivo que nos melhor define:
A alegria! Novamente sobressaímos nossas origens e as mostramos a todo mundo! Que espetacular a ideia de ressaltar o nordeste brasileiro. Justa citação ao nordestino que ao sair de sua terra ajudou a desenvolver esse país com tanto esforço e trabalho.
Foram tantas as emoções...
Medalhas brasileiras vindas de esportes até então inesperados... Recordes batidos, histórias sendo construídas, mitos do esporte sendo ratificados e exaltados!
A seguir, farei um apanhado das últimas semanas. Complementando aos dois textos anteriores que precederam a este.
Que tal começarmos com o time Brasil. Exaltando cada medalha conquistada por nossos bravos e valorosos esportistas olímpicos!
Antes, uma breve ponderação:
Mencionarei ultimamente o futebol. Pois, não o considero uma modalidade que deveria ser olímpica. Já que dentre todos os esportes é o único que não encaminha seus melhores atletas. Pelo contrário, com a anuência da Fifa clubes de todas as partes do mundo podem (e têm) a prerrogativa de não liberar os jogadores a suas respectivas seleções.
E a minha menção será exclusivamente para ressaltar um nome. Do qual, acredito que merece os louros desta conquista inédita.
Ficou curioso? Recomendo que leia até o final...
Nossos atletas de Ouro, Prata e Bronze
Thiago Braz
Ouro no salto com vara. Recorde olímpico 6,03 metros!
Venceu pela ousadia em desafiar o até então campeão Renaud Lavillenie.
Um parêntese: Um francês que ao final da prova esqueceu-se do preceito inicial e fundamental dos jogos. O espírito olímpico. Atribuiu as vaias da torcida brasileira seu insucesso na prova. Conduta tão descabida quanto a falta de respeito com aquele que o venceu dentro das regras e da moralidade esportiva.
Robson Conceição
Ouro no boxe.
Entrou, a cada luta, no ringue com o "sangue nos olhos" que só os vencedores têm.
Não contentou-se pelo fato de ser o primeiro medalhista olímpico do esporte pelo Brasil. Quis mais, ousou mais. E ao final, com muito merecimento, construiu uma história ainda muito maior. Mais rica! Forjada a ouro!
Isaquias Queiroz
Maior medalhista brasileiro em uma edição de jogos olímpicos!
Um feito tão grandioso que o levou a honra que ser nosso porta-bandeira no encerramento dos jogos. Escolha perfeita do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Bronze na categoria C1 - 200m individual
Prata na categoria C1 - 1000m individual
É um diamante pré-lapidado e que pode brilhar ainda mais em Tóquio 2020. Atleta de garra, que não se entrega. Que lutou, se dedicou até o fim mirando sempre o pódio. Parabéns também ao Erlon de Souza que na categoria C2 - 1000m em parceria com Isaquias conquistou a medalha de prata.
Diego Hypólito, Arthur Mariano e Arthur Zanetti
O trio medalhista da Ginástica Artística!
Os dois primeiros no solo sendo prata e bronze respectivamente e o último conquistando a medalha de prata na final nas argolas.
Nada mais justo que essa medalha a Diego. Ele que tanto foi cobrado pelos insucessos em Pequim (2008) e Londres (2012).
Reescreveu sua história, sacudiu a poeira e deu a volta por cima! De uma queda a um lugar no pódio em seu país, frente a sua torcida e aos críticos que não o perdoaram nas edições anteriores.
Do Mariano só boas expectativas da Rio 2016 em diante.
24 anos e um potencial gigantesco. A experiência virá naturalmente da sua participação em novas competições. Esta somada a sua capacidade técnica não vejo outra possibilidade que não novos pódios olímpicos e consequentemente, novas medalhas.
De Zanetti só elogios. Nada de frustração por vir de um ouro em Londres para uma prata em casa.
São duas edições e Zanetti levou duas medalhas olímpicas! Ademais, temos de reconhecer que o grego Eleftherios Petrounias foi impecável em sua série. Uma nota 16.000 equivale-se a quase perfeição dos quesitos exigidos pela prova.
Rafael Silva "Baby", Rafaela Silva e Mayra Aguiar
O Judô e sua contribuição para o quadro de medalhas do Brasil.
Eu reconheço que esperava resultados ainda maiores deste esporte. Mas, não posso de forma alguma deixar de reconhecer e ressaltar resultados tão expressivos.
Principalmente, pela forma que foram conquistadas essas medalhas (bronze, ouro e bronze respectivamente). Ou seja, com muita luta (literalmente), esforço e dedicação destes atletas!
Maicon Siqueira
E não foi só o Judô e o Boxe. O Taekwondo também trouxe mais uma medalha para o esporte brasileiro.
Disputando a categoria mais de 80 Kg, Maicon passou por toda a fase de repescagem e conquistou de maneira brilhante o bronze.
Foi somente a segunda medalha olímpica alcançada por um brasileiro nesta modalidade. Antes, somente Natália Falavigna havia atingido tal feito. Em Pequim (2008) onde também conquistou a medalha de bronze.
Felipe Wu
No texto olímpico anterior acredito eu que o citei.
Independentemente disso, é uma alegria ressaltá-lo novamente!
Afinal de contas, uma medalha olímpica não era conquistada pelos atletas do tiro esportivo desde 1920.
Só essa informação já é o suficiente para que tenhamos na noção do tamanho da proeza alcançada por nosso atleta.
Lembrando que Felipe Wu foi o primeiro esportista brasileiro a garantir uma medalha (prata) na edição dos Jogos Rio 2016.
Poliana Okimoto
Na natação, modalidade 10 Km (disputada em mar aberto), veio a solitária medalha de bronze.
Nem por isso, deixou de ser muito festejada.
Poliana acabou "beneficiada" pela punição atribuída a francesa Aurélie Müller que num ato anti-desportivo tentou impedir que a italiana Rachele Bruni tocasse no painel que a garantiria a medalha de prata ao final da prova.
Martine Grael e Kahena Kunze
Uma das medalhas mais emocionantes dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Decidida nos instantes finais da regata da classe 49er FX onde que por uma diferença de 0:02 o barco das velejadoras brasileiras cruzou a frente o barco das atletas da Nova Zelândia e garantiu a medalha de ouro.
Mais uma vez, o nome Grael no posto mais alto do pódio!
Pra quem não sabe Martine é filha de Torben Grael. Que ao lado de Robert Scheidt são os maiores medalhistas (em ouro) brasileiros em Olimpíadas.
Torben Grael conquistou:
Ouro em Atlanta (1996) e Atenas (2004) , prata em Los Angeles (1984) e bronze em Seul (1988) e em Sydney (2000).
Filha de peixe, peixinha é ou não é?
Alison e Bruno Schmidt
Mais um ouro no vôlei de praia!
A dupla brasileira venceu (em jogo complicado) nas semi-finais a dupla da Holanda por 2 sets a 1 com as parciais 21-17 / 21-23 / 16-14 (no tie-break).
Avançando a decisão e vencendo, desta vez sem muitas dificuldades, a dupla italiana por 2 sets a 0 com as parciais 21-19 e 21-17 sagrando-se assim campeões olímpicos!
Já no feminino a dupla Agatha e Bárbara após avançar na semi-final onde triunfaram sobre a dupla dos Estados Unidos (Walsh e Ross) por 2 sets a 0 com parciais 22-20 / 21-18 perderam a decisão para a dupla alemã Ludwig e Walkenhorst e ficaram com a medalha de prata.
A dupla alemã para chegar a final já havia eliminado outra dupla brasileira. Talita e Larissa que acabaram a competição com na 4ª posição.
Brasil! Ouro no Vôlei
E nas quadras a seleção masculina garantiu a medalha de ouro. Impondo surpreendentes 3 sets a 0 na Itália.
Lembrando que durante a fase de classificação esta mesma Itália havia batido os brasileiros por 3 sets a 1.
Grande partida do oposto Walace (na minha opinião, melhor em quadra na final). Ataques precisos e muito eficientes. Nos momentos complicados do jogo ele foi acionado pelo levantador Bruno e não decepcionou. Outros destaques do jogo:
Lipe: Se superou atuando com uma lesão nas costas. Eficiente nos saques e na recepção. Quando acionado no ataque também não deixou a desejar.
Lucarelli: Oscilou muito em toda a competição. Contudo na final, foi mais constante e eficiente. Também atuou lesionado. Mas, não abriu mão de disputar com muita raça e afinco a final olímpica. Muito bem nos ataques.
Maurício Souza: muito eficiente nos ataques e no bloqueio.
Bruno: distribuiu bem os ataques, fazendo um ótimo jogo.
As parciais da final foram:
25-22 / 28-26 e 26-24.
Fim de ciclo e MVP!
Chega ao fim, ao menos na seleção, a trajetória do líbero Sérgio. Escolhido como o jogador mais valioso (MVP) da Olimpíada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Aos 41 anos, Sérgio foi ovacionado pela torcida no Maracanzinho ao final da partida e na entrega das medalhas olímpicas.
Serginho (ou somente Sérgio) disputou pela seleção masculina de vôlei quatro edições olímpicas sendo em Atenas (2004) onde conquistou a medalha de ouro, Pequim (2008) e Londres (2012) onde foi medalha de prata antes da consagração final no Rio 2016.
Valeu Serginho!!!
Agora... o Futebol
Lembram-se quando eu falei que somente citaria a conquista do futebol por causa de um nome?
Então, eu gostaria de dar os créditos e méritos a um cara que apesar de todas as críticas sofridas, principalmente nos dois primeiros jogos da seleção no torneio olímpico, mas que ainda sim manteve sua filosofia e entendimento do futebol que o Brasil deveria praticar.
O que ele propôs desde o início foi o resgate da essência do nosso jogo. Ou seja, a ofensividade.
Buscando sempre o gol, fustigando os adversários, partindo sempre pra cima!
Parabéns Rogério Micale!
Pra encerrar fico com o as palavras do ex-atleta norte-americano Bart Conner (Ginasta Artístico, bicampeão olímpico) na última edição do programa É Campeão do Sportv acerca dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Abre aspas: "A mídia internacional deve a cidade do Rio de Janeiro e ao Brasil um pedido de desculpas, porque essa experiência foi magnífica. Há um ano e meio escutamos muitas histórias negativas sobre o desafio de ter os Jogos no Brasil, principalmente no Rio. Nós viemos e sentimos o espírito, a energia e a beleza do povo local. Vocês deverão ser parabenizados porque os Jogos foram fantásticos em todos os níveis. Não só pelo nível da competição, mas pela organização. Tenho grandes lembranças da cerimônia de abertura, da mensagem de sustentabilidade, unificação do mundo".
Até Tóquio 2020!
Fonte da foto: Site do Globoesporte.com