A Cesar o que é de Cesar!
Vou começar meu post com uma passagem dos Evangelhos Sinóticos onde foi dito:
"Dai, pois, a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus (...)" - Mateus 22:21
Ressalvada de qualquer tipo de comparação (pois seria esdrúxula), a frase pode ser adaptada ao futebol. No nosso caso em especial, a Roger o que é de Roger, e a diretoria o que é da diretoria!
Abusando-me um pouco mais do apelo histórico da citação vivemos em tempos de Fórum de Roma. Onde torcedores gladiam-se na arena (redes sociais) em torno de um único nome:
Roger Machado.
A pergunta que devemos nos fazer é a seguinte:
Seria ele o único "culpado"?
De fato o peso do momento do time há de cair somente em seus ombros?
Estamos dando a Roger o que é de Roger? Ou estamos nos esquecendo de apontar outros responsáveis e o apenando além do necessário?
O presidente Daniel e sua diretoria não tem obrigações? Os jogadores estão cumprindo integralmente com seu dever?
Me pediram ontem, pelo Twitter, que eu não alisasse no texto de hoje. Eu respondi que buscaria ser o mais correto possível, atribuindo a quem é de direito cada situação.
Numa questão de hierarquia vamos a elas:
Aos jogadores o que são dos jogadores!
Será que todos os atletas do elenco estão jogando tudo o que podem?
E eu não estou me referindo àqueles que estão em má fase. Até porque, isso é algo natural na carreira de qualquer esportista de alto rendimento. Mas sim, quanto a dedicação.
Cada jogador (titular ou suplente) está correndo pelo grupo? Estão aplicando na íntegra tudo o que é planejado, treinado e determinado pelo treinador (individualmente e coletivamente) durante as partidas?
Sinceramente, tenho dúvidas quanto a nisso. E justifico minha resposta em dois pontos fundamentais:
O primeiro, estou sempre acompanhando tudo o que acontece no clube.
E o Roger trabalha demais junto dos jogadores. A cada erro numa partida, ele busca corrigir por meio de trabalhos específicos, conversas individualizadas, treinamento mais focado nos fundamentos e participa ativamente das atividades.
Segundo, a entrevista do Marcos Rocha ao final do jogo a rádio Itatiaia. Quando disse (não necessariamente com essas palavras) - abre aspas: "Que o time precisava levar a partida com seriedade e não como se estivesse jogando um rachão."
Há um dito sábio que diz que pra bom entendedor pingo é letra!
E nesse caso, o pingo é a declaração do lateral direito atleticano e a letra nada mais é que a confirmação de que nem todos do grupo estão comprometidos com o trabalho ou a filosofia determinada pelo treinador.
Tal postura é preocupante à medida que já aconteceu antes e derrubou outros dois treinadores. Para quem não se recorda, jogadores descontentes com os trabalhos de Levir Culpi e Marcelo Oliveira foram preponderantes no processo de demissão dos mesmos...
Aí você me pergunta:
Mas quem então deveria fazer algo à respeito? Eu poderia lhe responder prontamente, mas por uma questão de hierarquia deixarei o responsável mais adiante nessa análise.
A Roger o que é de Roger
Quais as responsabilidades do treinador no atual momento do time?
Pra responder é preciso que analisemos a forma pela qual o time está atuando e as formações escolhidas pelo comandante da nau alvinegra.
Já foram adotados dois esquemas. O antigo, e conhecido de outros carnavais, 4-2-3-1 e mais recentemente o 4-1-4-1.
Em ambas táticas o que se privilegia no time é o ataque. Contudo, o sistema defensivo continua a falhar... Uma justificativa pronta e simplória poderia abarcar a má fase dos laterais, a queda de rendimento do jovem zagueiro Gabriel e as últimas atuações muito inseguras do goleiro Giovanni.
Mas não é só isso. A questão parece abranger algo mais específico:
O conjunto. Ou seja, a participação de todos na estratégia de jogo.
Principalmente, quando o time não tem a bola a sua posse. Certos jogadores por "preguiça", falta de condição física ou por sua característica em campo não estão cumprindo seu papel no esquema e a coisa não funciona.
Alvo de críticas por parte da torcida Rafael Carioca está altamente sobrecarregado. É dele a responsabilidade de dar uma melhor saída de bola da defesa, de jogar como primeiro volante dando cobertura aos laterais que deixam enormes, largas e pavimentadas avenidas as suas costas, dar proteção ao experiente e lento capitão Leonardo Silva e ainda aparecer a frente como elemento surpresa. Ufa!
É muita função para o "único" volante do time. Digo único, pois o Elias não atua como tal apesar de jogar com a número 8. Joga mais a frente, aparecendo mais como um meia numa linha de quatro abastecendo Fred. Nesse papel, acaba voltando muito pouco para auxiliar ao Carioca.
O que o torcedor vem pleiteando é a entrada de um terceiro volante no time. O Adilson (recém-contratado).
Talvez com a presença de um jogador com características de mais marcação, atuando frente a zaga (1º volante), Carioca fique menos sobrecarregado nas funções defensivas e Elias fique definitivamente mais solto (sem tanta obrigação de voltar) a frente ajudando os meias e aparecendo mais como elemento surpresa no ataque quando o Galo estiver de posse da bola.
Todavia, na entrevista de ontem, Roger não parece muito adepto a essa possibilidade... (quem não viu está disponível aqui no Blog). Ao ser questionado sobre a viabilidade de um terceiro volante no time, ele se mostra reticente e se justifica quanto ao time ficar mais pesado (lento), cobrindo mais as laterais, porém deixando mais espaços no meio...
Mas ao meu ver o time já está lento! Isto porquê, não há uma transição vertical (em direção ao gol) entre os setores do time. E sim, muito toque de linha horizontal (o que o torcedor classifica como toquinho de lado). Ainda que tenhamos um sistema defensivo mais lento (pela idade dos jogadores) essa progressão ao ataque precisa acontecer de forma mais veloz. Caso contrário, o time continua sendo susceptível as retrancas e aos contra-ataques bem montados pelos adversários.
Se a defesa passa por um momento conturbado, o ataque também...
Como o sistema defensivo carece de ajustes, o ofensivo precisa ser analisado com maior critério. Não vejo com bons olhos essa mudança de posicionamento do Robinho para atuar por dentro (como meia-atacante). Ainda que tenha 33 anos, a faixa de campo onde ele pode melhor render (e assim foi em 2016) é aberto pelo lado esquerdo.
É evidente que ele se desgastará mais rapidamente atuando nessa função, e que também deixará a desejar na marcação. Entretanto, prefiro extrair o melhor do jogador enquanto tenha fôlego do que subutilizá-lo como está acontecendo.
Além disso, é possível ajustar o posicionamento do Fábio Santos para que atue de maneira mais defensiva. Isto para os jogos da primeira fase da Libertadores, onde não podemos contar com o Marlone.
Estando a disposição, Roger poderia manter o 4-1-4-1 montando a linha de meias com Otero aberto pela direita, dobrando a marcação com o Marcos Rocha quando o time for atacado, Elias como um segundo meia centralizado (fechando a centro-direita sem a bola), Marlone pela centro-esquerda (fazendo a cobertura das costas do Robinho) e Carioca cobrindo o espaço central deixado pelo Marlone no apoio ao camisa 7 alvinegro.
Acredito que assim o time passaria a ser menos vulnerável as investidas dos adversários. Além do que, ganharia muito na qualidade na chegada ao ataque com meias passadores e de boa finalização de média e curta distância e atacantes velozes abertos pelos lados, com possibilidade do "facão". Ou seja, fazendo as diagonais e finalizando para o gol, ou chegando ao fundo abastecendo o Fred.
Se lembra a alguns parágrafos atrás quando eu disse da minha preocupação mediante a insatisfação de alguns jogadores terem sido preponderantes para o fim de outros trabalhos que antecederam ao atual? Então, chegou o momento de atribuir a responsabilidade a quem é de direito.
A diretoria o que é da diretoria!
É injustificável, inadmissível essa passividade do presidente do Atlético e toda a diretoria quanto a certas coisas que acontecem no clube.
Mediante certas posturas, eu fico pensando se de fato tudo está correto. Se os salários estão em dia, se as premiações, luvas, direitos de imagem e outros compromissos estão sendo honrados...
Porque se tudo caminha a contento e correção, qual o motivo para que a diretoria do Galo se cale? E o pior, por que não apura e não pune quem não está cumprindo com a sua obrigação?
Tem jogador andando em campo Daniel Nepomuceno!
Tem jogador nem um pouco comprometido com o trabalho Eduardo Maluf!
Vocês são cegos, ou não querem enxergar o óbvio? Tá na cara de todo o mundo!
Do torcedor, do setorista que acompanha as atividades no clube, da imprensa e só vocês não veem?
Quem contratou o Carlos Eduardo? Quem foi o responsável que avalizou a chegada desse ex-futebolista ao clube? Ou vocês acham normal, um treinador com um meia-atacante no banco reservas optar por improvisar o Marcos Rocha de meia de criação?
Ainda sobre o meia, onde está o grande jogador que supriria as perdas do clube?
Onde estão os zagueiros que disseram um dia chegar?
Leonardo Silva (de grandes incontáveis serviços prestados ao Galo) não tem mais, infelizmente, condições físicas de atuar em todas as partidas, Gabriel passando por um período de afirmação (natural que cometa erros), Felipe Santana razoável (pelo menos, até o momento), Erazo constantemente lesionado.
E por falar em lesão...
Quem na diretoria que responde por esse número absurdo de lesões musculares que acometem aos jogadores do Atlético?
Luan, Maicosuel, Erazo e quantos outros param por meses?
Tá faltando dinheiro para realizar exame que atesta o índice do CK?
Ao presidente, vereador, secretário... Sei lá o que você é?
Talvez seja um "pato" da administração - Nada, anda, voa mas não faz nada direito.
Legisla meia boca, secretaria mais ou menos e gere as questões envolvendo as relações profissionais do Atlético mal e porcamente!
Alexandre Kalil certa vez ao ser questionado pela sua indicação a secretaria de desenvolvimento (pelo acúmulo de funções e atividades) respondeu (não exatamente com essas palavras, mas deu a entender) - abro aspas ao prefeito:
"Se não der conta, mando ele embora!"
O mesmo vale pra você em relação ao Atlético Nepomuceno! Se não dá conta, pega seu boné e desocupe a cadeira para quem tem disposição e coragem de fazer o que for preciso. Inclusive, puxar a orelha de quem for necessário.
E pra encerrar...
Ao torcedor o que é do torcedor!
Todos nós queremos o bem do Atlético. As vezes exageramos, não discernimos como deveríamos por que antes de tudo, somos apaixonados pelo Galo!
Mas, precisamos usar de critério e ponderação antes de tomar certas posturas.
O intuito desse texto (longo) de hoje foi justamente mostrar que o atual momento é uma conjuntura de diversas perspectivas. A cada descontentamento, seja com o que ou quem for, precisamos analisar com a tranquilidade necessária para não cometamos injustiças.
E isso, não vale só para o nosso clube de futebol. Vale para a vida em todos aqueles momentos em que queremos atribuir nossas frustrações a uma única causa ou responsável.
Há o que cobrar? Sem dúvida alguma!
Antes, tenhamos o cuidado de dividir as responsabilidades com quem as são de direito.
Vamos continuar o nosso papel primordial. Que é o de lotar as arquibancadas do Independência, do Mineirão ou de qualquer outro estádio em que jogue o Galo.
Continuemos a apoiar como sempre o fazemos e faremos, após o jogo não saiu como queríamos vamos questionar, cobrar! Mas sejamos, antes de tudo, justos!
Grande abraço, saudações alvinegras!
Foto: Globoesporte.com - Blog do Torcedor (Fred Kong)