O "erro" que virou acerto!
Jogo peleado, amarrado, complicado. Característico dessa competição chamada Libertadores!
O Libertad veio pra se defender. Três zagueiros, seis no meio campo e somente um atacante.
Isso quando atacava, pois quando se defendia eram dez atrás da linha da bola.
O time paraguaio se agrupou bem em campo. Linhas muito próximas que dificultavam a entrada do time alvinegro. Fosse pelos lados, ora pelo meio.
Ainda sim, o Galo dominou o adversário no primeiro tempo. Criou oportunidades, chutou de média e longa distância, deu trabalho ao goleiro Rodrigo Muñoz.
Sobretudo, nas bolas paradas de Otero.
O segundo tempo começou como terminou o primeiro. Com o Atlético em cima do Libertad até que aos 16 minutos uma substituição mudou o panorama da partida...
Sai Otero (na minha opinião um dos melhores em campo) e entrou o Rafael Moura.
Confesso que inicialmente eu estranhei a alteração. Posteriormente, não entendi qual era o intuito do treinador. E por fim, achei que ele havia errado na escolha.
Em pouco tempo minha tese se comprovava por que o Libertad começou a encontrar espaços no meio e nos lados do campo. Preenchendo com seus meias os setores que Otero ocupava.
O venezuelano fazia uma função tática importantíssima. Pois, além de preencher o meio campo, era a principal válvula de escape do ataque atleticano. Com suas subidas ao ataque, foi responsável por "segurar" no campo defensivo o lateral e o meia adversário.
Um parêntese:
Ótimo o esquema rotativo proposto pelo Roger. Da linha de três (no sistema 4-2-3-1) Robinho, Maicosuel e Otero trocavam de posição a todo momento. Não houve engessamento desse setor do time. Isso dificultava a marcação (ainda que eficiente) do Libertad. Já que abriu espaço para as subidas de Elias e Carioca, permitiu a posse da segunda bola (rebotes) pelo Galo e consequentemente, mais arremates a gol.
Voltando ao assunto anterior, a saída do camisa 11 atleticano permitiu que o time paraguaio avançasse suas linhas... E começou a incomodar.
Principalmente por que o meio campo alvinegro ficou mais aberto. Os laterais atleticanos (em mais uma oportunidade) concederam espaços demasiados.
O alvinegro perdia o meio de campo e consequentemente, não tinha mais a posse de bola, tão pouco apanhava os rebotes da defesa paraguaia.
Mas aí o "erro" virou acerto!
Acompanhando a coletiva do Roger após o jogo (que está disponível aqui no Venerado) compreendi qual foi a sua ideia em colocar o Rafael Moura em campo. O intuito era ter mais um jogador de frente que ajudasse a "empurrar" a linha defensiva do Libertad pra mais próximo de sua própria área. Dificultando ao time paraguaio a atacar com muitos jogadores.
O He-Man alternaria com Fred a função de pivô. Ou seja, segurando a bola no ataque e ajeitando para uma tabela ou mesmo uma finalização. E acabou acontecendo, numa arrancada de Maicosuel, a bola chegou a Fred (de costas para a defesa) que em um passe diagonal encontrou Robinho que teve tranquilidade para finalizar em um chute cruzado.
O gol foi fundamental para que o Libertad se abrisse de vez em busca do empate. Foi aí que Roger deu seu segundo "tiro" certeiro na partida:
A entradas de Adilson e Cazares.
O volante deu mais proteção a defesa e liberou Elias para jogar mais a frente com o equatoriano. Ademais, a presença do camisa 21 permitiu que os laterais avançassem para o campo de ataque.
Os espaços surgiram e as chances também. E em um contra-ataque puxado por Rocha, Fred se deslocou recebeu o passe e buscou Rafael Moura na área. No rebote, o 10 do alvinegro (de bico) jogou pra dentro do gol! 2-0.
Implicância com o Rafael Carioca
O torcedor está exagerando e as críticas (pelo menos nos últimos jogos) vêm sendo injustas e questionáveis!
O camisa 5 é um dos principais passadores do time, vem sendo fundamental na saída de bola e muito eficiente nos desarmes.
Segundo o Footstats, dos 404 passes certos do Atlético, Carioca foi responsável por 58. Ou seja, 14%.
Há um certo estigma por parte do atleticano de que pra ser volante do Galo o jogador precisa ser brucutu (grosso como diriam os mais antigos). Contudo, esse perfil vem caindo em descrédito e desuso.
Para ilustrar, peguemos dois exemplos que passaram por aqui:
Donizete hoje no Santos: Reserva de Thiago Maia e Renato.
Pierre atualmente no Fluminense: Terceira opção. Atrás de jovens como Wendel e Douglas.
Em tempos atuais a busca de todo treinador é por jogadores que tenham qualidade técnica e tática. Que saibam marcar, passar e aparecer como elementos surpresa.
Colocada tal situação, que o torcedor reveja sua postura e passe a dar apoio ao jogador. Pois, querendo você ou não, Carioca é fundamental no esquema de jogo do Atlético.
Os laterais
Continuam oscilando demais nos jogos. Parecem esgotados, não conseguem acompanhar os atacantes adversários. Se não bastassem os problemas defensivos, há mais uma questão:
A insistência em efetuar cruzamentos da intermediária adversária.
Qualquer leigo sabe que a bola alçada à área de tal local privilegia os zagueiros e o goleiro adversário. Ou seja, estes verão a jogada de frente e poderão melhor se posicionar a evitar o perigo de gol.
Lateral tem que chegar na linha de fundo, e é de lá que a assistência (seja pelo alto ou rasteira) é mais eficiente pois pega o atacante de frente, em condições de finalizar.
Mudança de postura e expectativa para o clássico
No compito geral eu gostei da postura do Atlético nesses últimos jogos (Libertad e URT).
A mudança de esquema proposta pelo treinador melhorou o posicionamento dos jogadores no campo. As linhas estão mais próximas e o time está menos vulnerável com a fixação de Elias ao lado de Carioca na proteção a defesa.
Somando-se a isso, a participação mais efetiva na recomposição feita por Marlone e Maicosuel (ou Otero).
No panorama ofensivo, Robinho passou a "flutuar" mais. Podendo cair pelos lados direito e esquerdo ou atuar centralizado e com menores atribuições defensivas.
A manutenção deste sistema de três meias atacantes sem posicionamento fixo ajuda a dificultar a marcação por zona e homem a homem por parte do adversário, além de abrir espaços pelos lados e pelo centro permitindo a aproximação dos meias (volantes) e laterais.
Para o clássico eu espero por um jogo bem equilibrado. Entretanto, me desperta uma curiosidade quanto a postura do rival...
Não só, abre mão de ter que propor o jogo para atuar nos contra-ataques. Assim foi contra o São Paulo pela partida de ida pela Copa do Brasil.
Sem a vantagem de dois resultados iguais e com a necessidade em vencer a primeira partida para reverter o benefício que o hoje é do Atlético, qual a tática que Mano Menezes irá adotar?
Se seguir a tendência dos últimos jogos dará a posse de bola ao Galo.
Mas, e se o time de Roger abrir mão de querer jogar e resolver também usar dos contragolpes quem irá propor o jogo?
São variáveis táticas que de fato deixarão torcedores e analistas curiosos e que só serão descobertos com o apito inicial do árbitro.
Independente de qual seja o esquema de jogo escolhido, sou mais GALO!
Pra cima deles GALO!
Saudações Alvinegras!
*Foto: Flickr Clube Atlético Mineiro